sábado, 15 de outubro de 2011

Estresse: uma epidemia silenciosa

O estresse relacionado a vida cotidiana é interpretado pelo organismo como uma situação de perigo. No trabalho é onde passamos a maior parte do tempo. Atualmente a sociedade cobra demais das pessoas, com o aumento da velocidade dos meios de comunicação, criou-se a necessidade de estar constantemente em alerta e que decisões sejam tomadas com uma velocidade muito grande, prazos restritos, demandas cada vez mais complexas, novos aprendizados exigidos pelas mudanças tecnológicas, enfrentar avaliações de desempenho e ainda bom relacionamento com os colegas e chefes, além de manter-se em forma, cuidar da vida pessoal, são exigências da sociedade atual. Devido a isso o estresse ocupacional é uma epidemia contemporânea. isso ocorre em todos os níveis hierárquicos. Entre os executivos é comum encontrar doenças relacionadas ao estresse e cerca de 61% deles se dizem insatisfeitos com o excesso de tempo dedicado ao trabalho. Essa pressão pode se transformar em doença pois é interpretada como uma ameaça pelo córtex cerebral, que envia uma mensagem para a amígdala, que é o principal mediador de resposta ao estresse no cérebro. Em resposta glândulas adernais adrenalina e glicocorticóides. Esses dois hormónios vão levar a uma reacção chamada luta ou fuga, agindo no coração, pulmões e músculos, fazendo com que ocorra taquicardia, aumento da velocidade de respiração e muitas vezes sensação de falta de ar, aumento da irrigação sanguínea dos músculos prejudicando assim a irrigação de outros orgãos, por exemplo o sistema gástrico prejudicando assim a digestão e mais uma série de reações que levam o organismo a funcionar em estado de alerta, se desgastando. E o pior é que se esse estímulo é crônico, os glicocorticóides iram estimular o Locus Cerúleus que vai liberar noradrenalina se comunicando com a amígdala provocando assim a reativação contínua do estímulo de estresse. Ou seja, inicia-se no organismo um ciclo vicioso. O cérebro e o sistema imunológico enviam sinais continuamente, um ao outro. Esta comunicação afecta o comportamento e as respostas do organismo ao estresse. Por isso reacções do corpo a uma mente estressada muitas vezes passam por infecções, inflamações e doenças autoimunes. Como ocorre com qualquer doença altamente prevalente, o estresse não influencia apenas os indivíduos, mas também tem consequências culturais, sociais e econômicas. Estima-se que o prejuízo anual decorrente de faltas ao trabalho, baixa produtividade, acidentes e doenças decorrentes deste problema seja da ordem de 300 bilhões de dólares nos Estados Unidos da América. Não há este tipo de estatística ainda no Brasil, mas deve ser tão grande quanto a dos EUA. Ana Maria Rossi psicóloga estudiosa deste assunto estima que no Brasil as organizações poderiam ter uma economia de até 34% se diminuíssem os índices de estresse ocupacional. para isso é fundamental que tanto os trabalhadores como as empresas tenham mais conhecimento sobre este assunto e empreguem programas eficazes para evitar. Ainda não é comum o investimento neste tipo de trabalho, mas a boa notícia é que está aumentando a cada ano a preocupação dos empresários e administradores com este tema, pois isso gera uma economia para a própria empresa. Todos nós somos responsáveis por exigir uma melhora na nossa qualidade de vida, precisamos reconhecer e respeitar os limites do nosso corpo, saber falar não e lidar com a sensação de frustração que é causada quando percebemos que jamais atenderemos a todas as necessidades e exigências do mundo atual.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Discurso de Steve Jobs em Stanford.

Estou colocando a transcrição do discurso de Steve Jobs na formatura de Stanford. Esse cara foi um gênio, e merece estar aqui em meu blog! Não é sobre tecnologia é sobre desafio, persistencia, fazer o que ama, por isso ele está aqui.
Vale a pena ler.

Você tem que encontrar o que você ama

Estou honrado de estar aqui, na formatura de uma das melhores universidades do mundo. Eu nunca me formei na universidade. Que a verdade seja dita, isso é o mais perto que eu já cheguei de uma cerimônia de formatura. Hoje, eu gostaria de contar a vocês três histórias da minha vida. E é isso. Nada demais. Apenas três histórias.

A primeira história é sobre ligar os pontos.

Eu abandonei o Reed College depois de seis meses, mas fiquei enrolando por mais 18 meses antes de realmente abandonar a escola. E por que eu a abandonei? Tudo começou antes de eu nascer. Minha mãe biológica era uma jovem universitária solteira que decidiu me dar para a adoção. Ela queria muito que eu fosse adotado por pessoas com curso superior. Tudo estava armado para que eu fosse adotado no nascimento por um advogado e sua esposa. Mas, quando eu apareci, eles decidiram que queriam mesmo uma menina.

Então meus pais, que estavam em uma lista de espera, receberam uma ligação no meio da noite com uma pergunta: “Apareceu um garoto. Vocês o querem?” Eles disseram: “É claro.”

Minha mãe biológica descobriu mais tarde que a minha mãe nunca tinha se formado na faculdade e que o meu pai nunca tinha completado o ensino médio. Ela se recusou a assinar os papéis da adoção. Ela só aceitou meses mais tarde quando os meus pais prometeram que algum dia eu iria para a faculdade. E, 17 anos mais tarde, eu fui para a faculdade. Mas, inocentemente escolhi uma faculdade que era quase tão cara quanto Stanford. E todas as economias dos meus pais, que eram da classe trabalhadora, estavam sendo usados para pagar as mensalidades. Depois de seis meses, eu não podia ver valor naquilo.

Eu não tinha idéia do que queria fazer na minha vida e menos idéia ainda de como a universidade poderia me ajudar naquela escolha. E lá estava eu, gastando todo o dinheiro que meus pais tinham juntado durante toda a vida. E então decidi largar e acreditar que tudo ficaria ok.

Foi muito assustador naquela época, mas olhando para trás foi uma das melhores decisões que já fiz. No minuto em que larguei, eu pude parar de assistir às matérias obrigatórias que não me interessavam e comecei a frequentar aquelas que pareciam interessantes. Não foi tudo assim romântico. Eu não tinha um quarto no dormitório e por isso eu dormia no chão do quarto de amigos. Eu recolhia garrafas de Coca-Cola para ganhar 5 centavos, com os quais eu comprava comida. Eu andava 11 quilômetros pela cidade todo domingo à noite para ter uma boa refeição no templo hare-krishna. Eu amava aquilo.

Muito do que descobri naquela época, guiado pela minha curiosidade e intuição, mostrou-se mais tarde ser de uma importância sem preço. Vou dar um exemplo: o Reed College oferecia naquela época a melhor formação de caligrafia do país. Em todo o campus, cada poster e cada etiqueta de gaveta eram escritas com uma bela letra de mão. Como eu tinha largado o curso e não precisava frequentar as aulas normais, decidi assistir as aulas de caligrafia. Aprendi sobre fontes com serifa e sem serifa, sobre variar a quantidade de espaço entre diferentes combinações de letras, sobre o que torna uma tipografia boa. Aquilo era bonito, histórico e artisticamente sutil de uma maneira que a ciência não pode entender. E eu achei aquilo tudo fascinante.

Nada daquilo tinha qualquer aplicação prática para a minha vida. Mas 10 anos mais tarde, quando estávamos criando o primeiro computador Macintosh, tudo voltou. E nós colocamos tudo aquilo no Mac. Foi o primeiro computador com tipografia bonita. Se eu nunca tivesse deixado aquele curso na faculdade, o Mac nunca teria tido as fontes múltiplas ou proporcionalmente espaçadas. E considerando que o Windows simplesmente copiou o Mac, é bem provável que nenhum computador as tivesse.

Se eu nunca tivesse largado o curso, nunca teria frequentado essas aulas de caligrafia e os computadores poderiam não ter a maravilhosa caligrafia que eles têm. É claro que era impossível conectar esses fatos olhando para frente quando eu estava na faculdade. Mas aquilo ficou muito, muito claro olhando para trás 10 anos depois.

De novo, você não consegue conectar os fatos olhando para frente. Você só os conecta quando olha para trás. Então tem que acreditar que, de alguma forma, eles vão se conectar no futuro. Você tem que acreditar em alguma coisa – sua garra, destino, vida, karma ou o que quer que seja. Essa maneira de encarar a vida nunca me decepcionou e tem feito toda a diferença para mim.

Minha segunda história é sobre amor e perda.

Eu tive sorte porque descobri bem cedo o que queria fazer na minha vida. Woz e eu começamos a Apple na garagem dos meus pais quando eu tinha 20 anos. Trabalhamos duro e, em 10 anos, a Apple se transformou em uma empresa de 2 bilhões de dólares e mais de 4 mil empregados. Um ano antes, tínhamos acabado de lançar nossa maior criação — o Macintosh — e eu tinha 30 anos.

E aí fui demitido. Como é possível ser demitido da empresa que você criou? Bem, quando a Apple cresceu, contratamos alguém para dirigir a companhia. No primeiro ano, tudo deu certo, mas com o tempo nossas visões de futuro começaram a divergir. Quando isso aconteceu, o conselho de diretores ficou do lado dele. O que tinha sido o foco de toda a minha vida adulta tinha ido embora e isso foi devastador. Fiquei sem saber o que fazer por alguns meses.

Senti que tinha decepcionado a geração anterior de empreendedores. Que tinha deixado cair o bastão no momento em que ele estava sendo passado para mim. Eu encontrei David Peckard e Bob Noyce e tentei me desculpar por ter estragado tudo daquela maneira. Foi um fracasso público e eu até mesmo pensei em deixar o Vale [do Silício].

Mas, lentamente, eu comecei a me dar conta de que eu ainda amava o que fazia. Foi quando decidi começar de novo. Não enxerguei isso na época, mas ser demitido da Apple foi a melhor coisa que podia ter acontecido para mim. O peso de ser bem sucedido foi substituído pela leveza de ser de novo um iniciante, com menos certezas sobre tudo. Isso me deu liberdade para começar um dos períodos mais criativos da minha vida. Durante os cinco anos seguintes, criei uma companhia chamada NeXT, outra companhia chamada Pixar e me apaixonei por uma mulher maravilhosa que se tornou minha esposa.

A Pixar fez o primeiro filme animado por computador, Toy Story, e é o estúdio de animação mais bem sucedido do mundo. Em uma inacreditável guinada de eventos, a Apple comprou a NeXT, eu voltei para a empresa e a tecnologia que desenvolvemos nela está no coração do atual renascimento da Apple.

E Lorene e eu temos uma família maravilhosa. Tenho certeza de que nada disso teria acontecido se eu não tivesse sido demitido da Apple.

Foi um remédio horrível, mas eu entendo que o paciente precisava. Às vezes, a vida bate com um tijolo na sua cabeça. Não perca a fé. Estou convencido de que a única coisa que me permitiu seguir adiante foi o meu amor pelo que fazia. Você tem que descobrir o que você ama. Isso é verdadeiro tanto para o seu trabalho quanto para com as pessoas que você ama.

Seu trabalho vai preencher uma parte grande da sua vida, e a única maneira de ficar realmente satisfeito é fazer o que você acredita ser um ótimo trabalho. E a única maneira de fazer um excelente trabalho é amar o que você faz.

Se você ainda não encontrou o que é, continue procurando. Não sossegue. Assim como todos os assuntos do coração, você saberá quando encontrar. E, como em qualquer grande relacionamento, só fica melhor e melhor à medida que os anos passam. Então continue procurando até você achar. Não sossegue.

Minha terceira história é sobre morte.

Quando eu tinha 17 anos, li uma frase que era algo assim: “Se você viver cada dia como se fosse o último, um dia ele realmente será o último.” Aquilo me impressionou, e desde então, nos últimos 33 anos, eu olho para mim mesmo no espelho toda manhã e pergunto: “Se hoje fosse o meu último dia, eu gostaria de fazer o que farei hoje?” E se a resposta é “não” por muitos dias seguidos, sei que preciso mudar alguma coisa.

Lembrar que estarei morto em breve é a ferramenta mais importante que já encontrei para me ajudar a tomar grandes decisões. Porque quase tudo — expectativas externas, orgulho, medo de passar vergonha ou falhar — caem diante da morte, deixando apenas o que é apenas importante. Não há razão para não seguir o seu coração.

Lembrar que você vai morrer é a melhor maneira que eu conheço para evitar a armadilha de pensar que você tem algo a perder. Você já está nu. Não há razão para não seguir seu coração.

Há um ano, eu fui diagnosticado com câncer. Era 7h30 da manhã e eu tinha uma imagem que mostrava claramente um tumor no pâncreas. Eu nem sabia o que era um pâncreas.

Os médicos me disseram que aquilo era certamente um tipo de câncer incurável, e que eu não deveria esperar viver mais de três a seis semanas. Meu médico me aconselhou a ir para casa e arrumar minhas coisas — que é o código dos médicos para “preparar para morrer”. Significa tentar dizer às suas crianças em alguns meses tudo aquilo que você pensou ter os próximos 10 anos para dizer. Significa dizer seu adeus.

Eu vivi com aquele diagnóstico o dia inteiro. Depois, à tarde, eu fiz uma biópsia, em que eles enfiaram um endoscópio pela minha garganta abaixo, através do meu estômago e pelos intestinos. Colocaram uma agulha no meu pâncreas e tiraram algumas células do tumor. Eu estava sedado, mas minha mulher, que estava lá, contou que quando os médicos viram as células em um microscópio, começaram a chorar. Era uma forma muito rara de câncer pancreático que podia ser curada com cirurgia. Eu operei e estou bem.

Isso foi o mais perto que eu estive de encarar a morte e eu espero que seja o mais perto que vou ficar pelas próximas décadas. Tendo passado por isso, posso agora dizer a vocês, com um pouco mais de certeza do que quando a morte era um conceito apenas abstrato: ninguém quer morrer. Até mesmo as pessoas que querem ir para o céu não querem morrer para chegar lá.

Ainda assim, a morte é o destino que todos nós compartilhamos. Ninguém nunca conseguiu escapar. E assim é como deve ser, porque a morte é muito provavelmente a principal invenção da vida. É o agente de mudança da vida. Ela limpa o velho para abrir caminho para o novo. Nesse momento, o novo é você. Mas algum dia, não muito distante, você gradualmente se tornará um velho e será varrido. Desculpa ser tão dramático, mas isso é a verdade.

O seu tempo é limitado, então não o gaste vivendo a vida de um outro alguém.

Não fique preso pelos dogmas, que é viver com os resultados da vida de outras pessoas.

Não deixe que o barulho da opinião dos outros cale a sua própria voz interior.

E o mais importante: tenha coragem de seguir o seu próprio coração e a sua intuição. Eles de alguma maneira já sabem o que você realmente quer se tornar. Todo o resto é secundário.

Quando eu era pequeno, uma das bíblias da minha geração era o Whole Earth Catalog. Foi criado por um sujeito chamado Stewart Brand em Menlo Park, não muito longe daqui. Ele o trouxe à vida com seu toque poético. Isso foi no final dos anos 60, antes dos computadores e dos programas de paginação. Então tudo era feito com máquinas de escrever, tesouras e câmeras Polaroid.

Era como o Google em forma de livro, 35 anos antes de o Google aparecer. Era idealista e cheio de boas ferramentas e noções. Stewart e sua equipe publicaram várias edições de Whole Earth Catalog e, quando ele já tinha cumprido sua missão, eles lançaram uma edição final. Isso foi em meados de 70 e eu tinha a idade de vocês.

Na contracapa havia uma fotografia de uma estrada de interior ensolarada, daquele tipo onde você poderia se achar pedindo carona se fosse aventureiro. Abaixo, estavam as palavras:

“Continue com fome, continue bobo.”

Foi a mensagem de despedida deles. Continue com fome. Continue bobo. E eu sempre desejei isso para mim mesmo. E agora, quando vocês se formam e começam de novo, eu desejo isso para vocês. Continuem com fome. Continuem bobos.

Obrigado.
Steve Jobs

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

O envelhecimento e os cuidados com quem cuida.

Não sou especialista em psiquiatria geriátrica, mas cada vez mais me deparo com as pessoas que convivem com os idosos. Sabemos que existem algumas peculiaridades do indivíduo nessa fase da vida, e muitas vezes quem convive diretamente vivencia uma série de conflitos.
Por isso e atendendo a um pedido de uma pessoa, resolvi escrever sobre esse tema com a intenção de ajudar um pouco, através do conhecimento, as pessoas que convivem com o idoso.
O que é o envelhecimento?
O envelhecimento é um processo de diminuição progressiva de habilidades motoras, sensitivas e cognitivas, o que leva a um apego maior aos próprios valores, dificuldade de aceitar o novo, supervalorização da própria história de vida e conflitos com a realidade atual. Diminuição da capacidade em se adaptar à realidade e a frustrações, tendo como conseqüência queixas freqüentes.
 Claro que estou falando isso de um modo geral, não necessariamente ocorre com todas as pessoas.
Essas particularidades muitas vezes despertam em pessoas que convivem com eles uma série de sentimentos entre eles a culpa. Esse sentimento ocorre devido a uma ambivalência, pois amamos muito aquela pessoa que nos ajudou muito durante toda nossa vida, sabemos que ela merece todo respeito e amor do mundo, mas ás vezes decorrente da sobrecarga emocional ficamos nervosos, ansiosos e até com raiva o que rapidamente revertido em uma enorme sensação de ser a pior pessoa do universo, um verdadeiro monstro! Como lidar com esses sentimentos? O que fazer para atenuar o sofrimento gerado por esses sentimentos antagônicos?
Em primeiro lugar entender e aceitar que pessoas idosas precisam de maiores cuidados, que existem certas características que são normais de pessoas com mais idade e que devemos achar formas de lidar com isso. É fundamental que a saúde do cuidador seja observada. Não há como tratar bem os outros se não estamos bem. Acredito que  é fundamental ter uma certa rotina de atividades que não seja exclusivamente voltadas para os cuidados. É importante que o cuidador também tenha sua atividade física, de lazer e sociabilização. Muitas vezes as pessoas restringem ao máximo suas vidas para que tenham mais tempo e possam cuidar, mas isso reflete em uma sensação de que parou a vida o que gera angustia e tristeza. Por isso para cuidar bem temos que cuidar em primeiro lugar de nós mesmos. Assim o tempo dedicado a eles é um tempo com mais qualidade.
Quanto mais o cuidador estiver bem e transmitir isso ao idoso, melhor o idoso ficará tornando mais fácil a tarefa.
Ocorre uma certa primitivação da personalidade, ou seja, é comum ter um certo comportamento de mimo. Isso muitas vezes leva a sentimentos ambivalentes de raiva e dó, o que faz com que ocorra instabilidades no relacionamento. A melhor forma é entender que isso faz parte da insegurança do idoso e para isso é importante reforçar suas habilidades e informá-lo de tudo o que está sendo feito e pedir auxílio e colaboração no tratamento. Estabelecer limites de forma carinhosa para evitar o excesso de dependência, alumas Frases do tipo: "eu tenho certeza que você pode, eu não vou fazer por você pois sei que você consegue e fazer isso vai fazer bem para você" normalmente ajudam. 
Um comportamento de inveja e ciúme pode ocorrer, não aceitando que as pessoas se divirtam, se relacionem ou até mesmo trabalhem, supervalorizando suas deficiências e solicitando freqüentemente o cuidador, está aí mais um exemplo da insegurança e por isso o ideal é manter algumas atividades para o idoso para que ele tenha um círculo de convívio e entenda de que não está sozinho.
Oscilações bruscas de humor podem ocorrer, com aumento de irritabilidade e tristeza, isso pode ser normal pelo fato de estar tendo dificuldade de lidar com as perdas impostas pela idade, ou pode ser patológico decorrente de um quadro depressivo que é comum ocorrer. Observe e sempre que tiver dúvida consulte um médico. O ideal é que tenha um geriatra de referência que pode ajudar não só com a saúde do idoso, mas também com essas questões e como lidar com esses desafios que vão surgindo. Ele pode encaminhar a outros especialistas conforme vai surgindo a necessidade, orientar como agir, orientar sobre a necessidade de contratar uma pessoa para ajudar com os cuidados, etc.
O cuidador deve reconhecer e respeitar os seus limites, a maioria das vezes observo que as pessoas por amarem tanto aquele idoso abdicam de toda sua vida para ficar com ele, mas isso reforça esse sentimento de incapacidade que é comum no idoso e faz com que fique cada vez mais dependente e solicitando os cuidados cada vez mais, virando uma bola de neve. Respeite seus limites, peça ajuda se necessário.
Use senso de humor, com respeito é lógico, isso deixa o clima menos tenso, deixa mais fácil os cuidados. Estimule o idoso sempre e varie os estímulos com filmes, músicas, passeios, peças enfim o que tiver disponível. Sempre procure passar bem estar e satisfação com a vida, não reclame perto deles pois já ocorre uma sensação de estar incomodando e se ficamos reclamando isso só tende a deixar o ambiente mais negativo e as coisas mais difíceis. Procure estar bem assim não irá descontar o seu estresse no idoso.
Tenho perfeita noção que tudo que estou falando parece simples, mas não é. Mas podemos sim modificar pequenos hábitos que da mesma forma que ocorre com os aspectos negativos, ocorrem também com os positivos, criando assim um ciclo virtuoso e não o vicioso que normalmente entramos. Saber que há pessoas que podem ajudar e saber pedir ajuda é importante. Não somos máquinas e erramos muito todos os dias, mas assumir nossos erros e nossas limitações é muito importante para que não entremos nesta bola de neve.
Mantenha um tempo para si, cuide-se de verdade. Mantenha-se saudável física e emocionalmente. Só assim podemos dar os cuidados a quem tanto nos ajudou.
Afinal a única maneira que inventaram de se viver muito tempo é envelhecendo!

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Será que tenho depressão?

Algo muito falado atualmente, porém o correto diagnóstico e tratamento não é feito. Há uma série de mitos, preconceitos, verdades e mentiras sobre esse tema. Muito confundido com tristeza, estresse, problemas de relacionamento, trabalho ruim, casamento infeliz, e até doença contagiosa. "Doutor de tanto conviver com ele eu peguei uma depressão". Várias pessoas procuram o pronto socorro que trabalho dizendo que estão com depressão, e pedem ajuda para o tratamento.
Mas afinal de contas o que é depressão? É tristeza? Desânimo? Cansaço? Vontade de chorar?
É tudo isso, mas não é nada disso isolado.
Vamos ao conceito:
Os seguintes sintomas devem estar presentes em graus variados de intensidade: humor deprimido, perda de interesse e prazer nas atividades, energia diminuída levando a uma fadiga aumentada. Pode ocorrer também lentificação psicomotora, sentimentos de culpa, inutilidade, pessimismo intenso, insônia ou aumento da necessidade de sono, alteração do apetite tanto com aumento como para diminuição, alterações da percepção de sintomas dolorosos, deixando assim a sensação dolorosa mais intensa, sensação de opressão no peito, as vezes referido como dor. Alterações da memória, dificuldade de se concentrar, realização de atividades da vida diária pode estar prejudicada.
Depressão é uma doença, e como tal, para se ter o diagnóstico e o tratamento deve ser consultado um médico. Assim como outras doenças pode requerer diversos tipos de cuidados e isso quem poderá orientar melhor é o médico que fez o diagnóstico. O tratamento deve ser individualizado, ou seja, varia de acordo com a pessoa e com a doença, há casos em que o tratamento consiste somente em psicoterapia, pode necessitar de psicoterapia e medicamento, pode ser que seja necessário a participação de um hospital dia ou mesmo internação integral. A duração do tratamento também varia, mas nunca pode ser algo curto por menos de 6 meses, pois após ter sido cessado os sintomas, deverá ser realizado o tratamento de manutenção, previnindo assim recaídas.
Trata-se de uma síndrome que consiste em um conjunto de sinais e sintomas, que pode variar muito de pessoa para pessoa, existe inclusive depressão sem tristeza, na qual prevalece uma apatia. Muitas pessoas supervalorizam essa doença, o que é ruim, pois deve tentar ao máximo levar uma vida normal, claro que há certas atividades que serão mais difíceis de serem realizadas, mas deve ser feito um esforço. Há também o oposto, ou seja o diagnóstico ser menosprezado, pessoas que falam que isso é falta de trabalho, problemas somente espirituais, ou até falta de vergonha na cara, não é verdade. Ou seja cada pessoa deve ser avaliada e vai receber uma orientação específica, além do remédio. Por isso muitas vezes sou tido como chato, pois não faço consultas em corredor, em festas de casamento, batizado ou de aniversário. Vejam como podem ser variados os sintomas, isso faz com que uma série de medicamentos possam ser utilizados, que podem interagir com os medicamentos que a pessoa já toma, pode ser que seja um problema médico outro que esteja influenciando como um hipotiroidismo por exemplo. Pode ser que a pessoa precise iniciar uma rotina de atividades físicas, pode ser que precise relaxar mais, trabalhar mais, enfim. Pode ser que não seja depressão e sim tristeza, uma reação a um momento mais difícil da vida ou um processo de luto, e esses casos podem até ser que precisem de medicamentos sintomáticos para ajudar a passar essa fase, melhorar o sono, mas não é depressão. Cada caso é um caso e merece um cuidado adequado.
Tristeza é um sentimento normal do ser humano, que faz parte da vida e é inclusive necessário em alguns momentos. Ajuda a elaborar perdas, a repensar nossa vida, as vezes tirando a gente do piloto automático que muitas vezes nos colocamos.
A depressão está associada a pior recuperação de outras doenças médicas, controles de glicemia mais complicados em pacientes diabéticos, recuperação mais difícil de doenças cardíacas, quadros dolorosos mais intensos, e uma infinidade de situações que pioram a qualidade de vida do indivíduo e diminuem a expectativa de vida. Sim, depressão mata também. Não só por suicídio como muitos imaginam, mas por essas situações e até por negligência de cuidados com outras doenças.
Ou seja apesar do assunto ser amplamente divulgado, é um assunto muito complicado, com uma série de variáveis que precisam ser avaliadas, na maioria das vezes não apenas em uma consulta e sim em várias.
A boa notícia é que hoje dispomos de um arsenal terapêutico enorme e melhora muito a qualidade de vida da pessoa.
Tristeza não é depressão e depressão não é falta de um tanque de roupa para esfregar como diria minha avó.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Mundo Miojo

Hoje estava em trânsito e ouvi na rádio que o orgão que regulamenta os alimentos estava intervindo em relação ao macarrão instantâneo pois ele contêm em uma única refeição cerca de 60% do sódio recomendado de ingestão diária, isso no caso dos adultos ao falarmos das crianças uma única refeição já ultrapassa o valor diário recomendado. A nutricionista que estava dando a entrevista, falando muito bem por sinal, estava alertando sobre esse problema e os riscos que a alta ingestão de sódio pode causar ao organismo.
Lembro sempre da minha mãe falar que miojo, nem chama mais assim, era só para ocasiões em que fosse necessário, e passava horas fazendo a comida minha e dos meus irmãos, sempre muito bem temperada, saudável e gostosa, mas eu queria miojo e ela me explicava que essas coisas rápidas não podem ser usadas todo dia pois fazem mal, tem muito sal e anilina, referindo-se ao corante que provavelmente não tinha esse nome, mas está presente nesses alimentos.
Hoje percebo como minha mãe com isso me ensinou algo muito importante quando ela falava, tudo que é rápido, bonito e gostoso deve fazer mal se em exagero, como ela gostava de dizer.
Quem me conhece de perto sabe que gosto muito de tecnologia, adoro a velocidade das informações e como tudo se conecta com tudo, mas isso tem trazido um efeito miojo na gente. As pessoas atualmente querem tudo rápido, se comunicam rápido, se conhecem rápido, viram melhores amigos rápido de mais ou para ser mais rápido BFF, como é digitado nas redes sociais.
Isso em exagero não pode fazer bem, Dona Esther está certa. Lembro que para falar com o meu pai, precisava esperar ele chegar em casa, se fosse muito urgente minha mãe ligava no trabalho e deixava eu falar. Hoje vejo as crianças não esperam mais nada, muitas vezes estou em atendimento e o celular deste pobres pais tocam diversas vezes com os seus filhos desesperados para falar com eles por um assunto "urgente" que não pode esperar. Lembro que também tinha assuntos urgentes para falar com o meu pai, uma hora parecia uma eternidade, mas eu usava essa "eternidade" para refletir, muitas vezes percebia que não era tão urgente assim, percebia que eu podia resolver sozinho, aprendia a fazer outras coisas, consultas outras pessoas, etc...
Isso fez com que eu aprendesse a lidar melhor com o fato de ter que aguardar, a lidar com algumas frustrações, e acima de tudo perceber que a eternidade não era uma eternidade, que as coisas que eu tinha certeza, eu estava errado, que eu sabia fazer muito mais coisas do que imaginava e que sabia me virar sozinho.
Percebo que temos menos paciência para construir as coisas, inclusive relacionamentos com pessoas, esperar pode ser um tormento. Mas e se fizéssemos menos coisas, mas coisas que temos certezas de que é certo, não produziríamos mais?
Parar e refletir sobre o que foi aprendido no final de um dia, pensar em alternativas, tentar mudar o ponto de vista, são coisas que éramos obrigados a fazer e hoje pegamos o caminho mais rápido, criando assim uma geração sedenta por miojo. Em três minutos eu conquistei, beijei e dispensei aquela pessoa.
Três minutos eu posso falar com meu amigo do outro lado do mundo, posso ter informações que vão mudar a minha vida. Acho importante sim a praticidade, a rapidez e a produtividade. Gosto de miojo também, mas não pode ser todo dia, não pode ser para tudo.
Estou falando de mim, mas na verdade estou falando de uma geração inteira, estou falando de nós atualmente e de como poderemos dar parâmetros aos nossos filhos. Precisamos ensinar que as coisas que são construídas lentamente são mais fortes, que quando sofremos estamos nos fortalecendo, que lidar com as frustrações faz com que estejamos melhor preparados para a vida adulta, afinal não podemos comer miojo todo dia.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Doença Bipolar: doença da moda ou da modernidade?

Já escrevi aqui um pouco sobre o transtorno afetivo bipolar, ou transtorno bipolar do humor, que são dois dos nomes mais usados para uma mesma patologia. Mas ainda há muito o que ser discutido e explicado sobre este assunto.
Estima-se que um paciente leve, em média, dez anos e quatro diferentes profissionais até que receba o diagnóstico correto desta patologia. Isto se deve a uma série de fatores:
Primeiro lugar as pessoas normalmente procuram ajuda quando estão deprimidas, e é muito comum que após melhorarem da depressão abandonem o tratamento e muitas vezes o médico não tem acesso aos outros momentos da doença porque o paciente não o procura.
Ora estamos falando de uma doença que na fase de hipomania a pessoa está com sentimento grande de bem estar, aceleração do pensamento, fazendo com que tome decisões mais rápidas, menor necessidade de sono. Ou seja muitas vezes a nossa sociedade “gosta” de pessoas que estão nessa fase, afinal ela está mais ágil, produzindo mais, dormindo menos, muitas vezes consumindo mais o que é inclusive pregado pela sociedade moderna. O problema é que nem tudo é positivo. Nesta fase ocorre também gastos maiores que o planejado, uma maior busca por atividades prazerosas o que muitas vezes faz com que as pessoas se coloquem em situações de risco, maior consumo de bebida alcóolica e de drogas, sexo desprotegido, etc. Mas de certa forma os prejuízos passam desapercebidos pela maioria das pessoas.
Outro motivo pelo qual muitas vezes ocorre a demora do diagnóstico é que certas características da doença são confundidas com a personalidade da pessoa, e sintomas são atribuídos como características da personalidade quando na verdade são sintomas de uma fase da doença.
Isso ocorre principalmente nos chamados estados mistos, ou seja nas fases em que a pessoa tem características da fase eufórica e características da fase depressiva ao mesmo tempo, isso grosseiramente falando. Há um aumento da energia, aceleração do pensamento e da fala, dificuldade em conciliar o sono associado a pensamentos depressivos, isso gera uma grande irritabilidade no paciente, aumento de impulsividade, oscilações frequentes ao longo do dia, maior reatividade a fatores externos tanto positivos como negativos. Essas pessoas normalmente são classificadas como explosivas, de pavio curto, impulsivas, mas isso pode ser um sintoma da doença bipolar.
Pode também ser característica da personalidade do indivíduo, mas como saber? Isso que muitas é bastante difícil e por isso que alguns pacientes tem dificuldades em receber o diagnóstico correto, ou leva um tempo até que seja feito este diagnóstico. Mas basicamente deve ser avaliado como era a personalidade da pessoa anteriormente, junto com uma boa anamnese do paciente com dados de história que ajudem a confirmar os traços de personalidade ou a doença bipolar, muitas vezes em uma única consulta não é possível fechar esse diagnóstico, precisamos de detalhes maiores da vida da pessoa, saber se algumas situações desencadearam esse quadro ou não, se está reagindo de forma diferente do que anteriormente reagia.
Ou seja precisamos conhecer a pessoa, ter dados sobre a família, o emprego e os relacionamentos para que possa ser feito o diagnóstico correto.
Dizem que este diagnóstico agora está na moda e que tudo é decorrente a doença bipolar, não penso assim. Acho que estamos falando mais sobre essa patologia que sempre existiu, existe hoje menos preconceito em se abrir um diagnóstico como esse, muitas vezes existe sim alguns pacientes que recebem este diagnóstico e de fato não está correto, mas acredito que o aumento da incidência desta patologia se deva a um melhor diagnóstico, facilidade de obtenção de drogas e de medicamentos antidepressivos, a sociedade que acaba fazendo que as pessoas tenham muito mais estímulos do que antigamente, durmam menos, consumam mais, tenham a suas rotinas desregradas. Ou seja vivemos sim em uma sociedade bipolarizante, Resta a nós sabermos nos cuidar, ter tempo para trabalhar, para consumir, mas também para descansar, dormir, ler, ter lazer, etc



domingo, 24 de julho de 2011

Morte de Amy Winehouse. Vítima de si mesma, da sociedade, das drogas?

Suicídio lento, programado, acaso, curiosidade mórbida, dependência química, tristeza, omissão de socorro, falha de caráter, etc..
Desde o falecimento da cantora Amy Winehouse, ouvi, li e assisti diversas opiniões sobre o assunto. Foram as mais variadas possíveis, pessoas fazendo brincadeiras, pessoas com raiva da repercussão grande achando que ela tinha mesmo que morrer, que o governo deveria ter programas de internações compulsórias para esses casos, que foi escolha dela, que não foi escolha dela. Cada um com sua justificativa lógica e perfeitamente bem explicitado. 
Fato é que independente da causa de sua morte, trata-se de uma patologia psiquiátrica grave que a matou, associado a uma contenção familiar e social que não foi capaz de evitar o desfecho trágico.
A morte de Amy pode nos levar a uma reflexão sobre o que leva uma pessoa aos comportamentos autodestrutivos, a essa necessidade de viver a vida de forma intensa, ao vício das drogas e do álcool, aos relacionamentos instáveis, a automutilação seja ela por meio de laminas, agulhas, drogas ou mesmo comportamentos.
É evidente que eu não tenho a fórmula mágica que pode evitar esses desastres, mas sei que algumas coisas podem ser feitas e gostaria de compartilhar as minhas opiniões, infelizmente não para salvar Amy, mas para as próximas gerações que estão por vir.
Os primeiros anos de vida são fundamentais para a formação da personalidade de uma pessoa. Repassem isso ao maior número de pessoas possível! Guardem essa frase, lembrem-se disso. Estou em uma fase da minha vida que meus amigos estão tendo filhos e noto a preocupação deles com as doenças, infecções, alimentação e quero que todos saibam que tão importante quanto isso é a preocupação com a formação da personalidade.
A personalidade de uma pessoa é fruto do caráter e do temperamento. Algumas características são determinadas geneticamente, e isso é o temperamento da pessoa, outras são aprendidas e formadas em resposta ao ambiente que a pessoa vive. A maneira como a pessoa é criada. O afeto recebido, os limites e parâmetros que foram dados.
Um dos maiores problemas que enfrentamos atualmente em termos da personalidade,  das pessoas que podem ser ou não doentias, é o que chamamos de baixo índice de tolerância às frustrações. Todos nós somos frustrados diariamente e temos que lidar com isso de alguma forma. Muito do que planejamos não sai de acordo com os nossos desejos. E é desde a primeira infância que aprendemos a lidar com essas situações. Se ao repreendermos uma criança e ela começar a chorar, tremer, gritar ou até mesmo se bater, e diante disso voltamos atrás de nossa decisão estamos passando a seguinte mensagem para ela: basta espernear que você consegue atingir seus objetivos. Não faremos isso então com nossos filhos. Óbvio não? Mas na prática algumas pessoas não percebem que estão fazendo isso. É mais fácil dar logo o objeto de desejo do que orientar e dar parâmetros e os pais muitas vezes estão cansados e culpados por trabalharem demais e não suportam ver seus filhos chorando, e acaba tomando um atalho. Esses atalhos tomados sucessivas vezes criam pessoas que não aprenderam na hora que deveriam aprender a lidar com essas frustrações. E quando adultos não suportam a vida como ela é, não suportam ouvir os nãos que a vida nos fala, não conseguem lidar com a expectativa de aguardar ter um dinheiro para conquistar seus objetivos. Acabamos de perceber como formamos adultos que acreditam que tudo ao seu redor existe em sua função. E que sempre vai haver um jeito de conquistar seus objetivos, seja como for.
Essas pessoas quando tornam-se adultos sofrem muito, pois acreditam que há uma forma do mundo dar o que elas desejam, e ficam tentando chamar atenção de várias formas para receber o objeto de desejo, porém a vida adulta faz com que nossos objetos de desejo nem sempre sejam objetos e sim pessoas, ou custem muito dinheiro, ou dependam de outras pessoas para que possamos conquistá-los. E essas pessoas que não aprenderam a se frustrar lá na primeira infância quando era mais fácil negar aquele brinquedo ou doce, acabam deprimindo acreditando que o mundo é cruel e não responde às suas expectativas e buscam outros atalhos para amenizar o sofrimento. Aí aparece o uso de substâncias picotativas legais, ilegais, prescritas ou não. Aparece também a automutilação com o objetivo de, ás vezes chamar atenção, ás vezes fazer com que o sofrimento físico alivie a dor psíquica, outras com a intenção de marcar os limites do corpo, ou mesmo para se punir por não conseguir agir de forma diferente.
O padrão de relacionamento dessas pessoas é muito instável, sempre muito intenso, as pessoas amam ou odeiam com uma grande facilidade. Quando ouvem os nãos da vida odeiam as pessoas, se sentem muito mal. Novamente porque não aprenderam a lidar com isso no momento certo. E estão sempre buscando a pessoa que irá lhe falar sempre sim, mas como isso é praticamente impossível acabam sofrendo mais e mais, e ficando sozinhas. Quando acham que acharam a pessoa correta, querem exclusividade, tem um relacionamento muito intenso, vivendo de forma simbiótica a vida daquela pessoa. Até o momento que passem a odiar a pessoa e nunca mais querem vê-la na frente.
Amem seus filhos, dêem muito carinho, atenção. Saibam que amar também é falar não, é deixar chorar e não permitir que conquistem seus objetivos através de manipulações,  choros, ameaças e até doenças. Sim doenças de verdade, conheço uma pessoa que sempre que tinha crise asmática ganhava brinquedos e atenção de seus pais, essa pessoa aprendeu que crise asmática é sinónimo de receber afeto, carinho, presentes. Hoje sofre de asma grave e tem crises sempre que é frustrada. Mas é possível isso, ela realmente tem os sintomas da Asma e a causa é psíquica? Nunca duvide do seu cérebro. Ele comanda tudo!
Amy, infelizmente, tornou-se uma pessoa despreparada para ouvir os nãos, tornou-se uma caricatura de si mesma. Hoje o mundo está mais triste, mais blues.